Considerações Sobre a Única Obra
de Publicação na Restauração do Senhor
Prefácio
Por vários meses "Analysis & Response" do irmão Nigel Tomes tem circulado e promovido por intermédio de vários canais, contraposição ao panfleto "A Obra de Publicação na Restauração do Senhor" (o "Panfleto"). Tenho encargo de responder aos doze pontos de sua análise. A minha qualificação para isso não está provada; sou apenas um irmão que ama o Senhor e Sua restauração. As minhas razões para fazê-lo são talvez melhores, uma vez que os comentários dele se tornaram públicos e cabe a nós estarmos cientes em nosso entendimento, seja para nós mesmos seja para aqueles a quem apascentamos. Da mesma maneira, escrevo baseado em minha compreensão das Escrituras, do ministério e dos princípios espirituais. A natureza dessa resposta não é uma carta formal, mas aquilo que eu compartilharia informalmente com os santos, principalmente os mais jovens entre nós, que podem fazer perguntas acerca desses assuntos. Procuro ser breve, mas não no sacrifício da substância. Essas concepções são minhas (mas talvez não somente minhas) e não são representativas de qualquer grupo de santos. Escrevo com esperança de que o Corpo aprove e melhore as considerações seguintes.
Introdução
Existem muitas preocupações acerca do que o Panfleto não diz, em vez do que aquilo que ele diz. Desde o início, é importante definir o significado de "única publicação." A única publicação não é uma restrição ao direito básico de qualquer pessoa publicar. Tão pouco significa que os santos não podem ler outras publicações. Publicação única significa "publicação dos materiais do ministério de [Watchman Nee e Witness Lee]" bem como do "avanço do ministério na restauração do Senhor, que é a continuação do ministério desses dois irmãos" (A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 6). Por conseguinte o título do Panfleto: "A Obra de Publicação na Restauração do Senhor" (ênfase adicionada). Em outras palavras, a única publicação tem a ver com o corpo de trabalhos que representam e continua a representar o ministério da restauração do Senhor. Assim, embora os santos possam publicar livremente, não podem declarar unilateralmente, e esperar que outros aprovem, que tais publicações sejam parte da "continuação do ministério na restauração do Senhor."
A obra de publicação tem que ter um veículo prático para ser executada. Sob a direção explícita do irmão Lee, e como previamente estabelecida em princípio pelo irmão Nee, a publicação única foi e continua sendo publicada pelo Living Stream Ministry ("LSM") e pela Taiwan Gospel Book Room ("TGBR"). De acordo com a comunhão dos cooperadores entremesclados na restauração do Senhor, LSM e TGBR coordenam e colaboram para publicarem materiais para o suprimento das igrejas e dos santos.
Muitas igrejas e santos podem escolher voluntariamente restringirem-se às publicações do LSM e da TGBR. Pode ser que outras não. Se uma igreja se restringirá a uma única publicação e como fará, cabe aos líderes nessa igreja decidirem. Apesar de suas decisões serem disputadas por alguns, a responsabilidade deles como pastores ao tomarem decisões pela segurança do rebanho não pode ser disputada (cf. At 20:20-32; 1Pe 5:2-3).
O Panfleto conclui enfatizando que "todas as igrejas e santos devem entender que a questão da única publicação não é um assunto da fé comum. (...) A única publicação não deve tornar-se a base para aceitarmos ou rejeitarmos qualquer pessoa na comunhão da fé ou na comunhão das igrejas" (Idem, p. 9). Embora seja sempre proveitoso zelar por algo bom (Gl 4:18), essa palavra equilibrada ajuda a ajustar aqueles que erradamente insistem na prática da única publicação como item real ou de fato da fé.
Os pontos supracitados resumem e governam a minha compreensão do Panfleto. Eles serão revisitados e desenvolvidos nas respostas abaixo.
Respostas
Os subtítulos enumerados abaixo são as perguntas literais colocadas pelo irmão Nigel. A extensão dessas respostas variará. A primeira pergunta dele requer tratamento mais extensivo, pois foi a ela que ele devotou a maior quantidade de espaço e considerou-a digna de uma apresentação separada (embora excessivamente repetitiva) no website dos "Irmãos Preocupados".
1. Há base bíblica para "uma única publicação"?
Para responder à grave acusação implícita nessa questão, vale a pena rever as referências citadas no Panfleto, bem como explanar outros princípios bíblicos que fundamentam a prática da única publicação. O exemplo do irmão Nigel da canonização das Escrituras é brevemente referido também:
Apascentar o Rebanho
O irmão Nigel sumariamente descarta a relevância das referências de 1 Pedro 5:2 e Atos 20:28-29 no Panfleto. Tal desconsideração é infeliz. Esses versículos mencionados perto do fim do Panfleto como parte do encargo aos presbíteros das igrejas na restauração do Senhor são altamente relevantes para a sua pergunta, uma vez que eles resumem os deveres bíblicos e responsabilidade dos presbíteros:
1Pe 5:2 - Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;
At 20:28-29 - Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.
Esses versículos indicam que o dever primário dos presbíteros é apascentar a igreja de Deus. Apascentar é "cuidar de maneira toda inclusiva do rebanho, a igreja de Deus" (At 20:28 nota de rodapé 4). Com base no seu discernimento, maturidade e coordenação uns com os outros e com o Espírito Santo que os colocou como tais, os presbíteros cumprem o seu dever de apascentar o rebanho de acordo com Deus. Em relação ao apascentar, a segurança do rebanho é prioridade máxima. Não só é adequado, mas também biblicamente ordenado aos pastores protegerem o rebanho de ensinamentos não saudáveis. (cf. At 20:29-30).
Apascentar está assim intrinsecamente relacionado com o ensinar (cf. Ef 4:11, nota de rodapé 2). Isso é vividamente demonstrado em Atos 20, onde o apóstolo Paulo reuniu os presbíteros em Éfeso e exortou-os a apascentar o rebanho com base no seu próprio exemplo. O registro em Atos não nos diz tudo o que Paulo tenha dito ou feito durante os seus três anos com os efésios. Mas sabemos que ensinar era proeminente. Ele afirmou enfaticamente que " jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa" e que " jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus" (At 20:20, 27).
Os pontos supracitados estabelecem obrigações bíblicas importantes dos presbíteros e obreiros no cuidado com os crentes. A análise do irmão Nigel erra ao desconsiderar esses deveres bíblicos ligados à única publicação. Ele apenas questiona se a prática é bíblica. Ele erra ao perguntar se é bíblico o fato de os presbíteros praticarem a única publicação quando eles considerarem isso importante para a preservação do rebanho. Além disso, ele ignora a questão de ser ou não bíblico os colaboradores declararem e ensinarem publicamente a prática se eles determinam que isso seja proveitoso. Esses tópicos devem ser considerados pelos santos que procuram determinar as bases bíblicas da única publicação.
Isso não é responder à pergunta do irmão Nigel com tautologia ou qualquer circularidade. Simplesmente mostra que às vezes é fácil meramente perguntar se algo é bíblico ou não sem considerar outras dimensões da questão. Uma ilustração simples pode ajudar a demonstrar. E se em vez disso a questão em causa fosse se é bíblico que as igrejas tenham uma obra com os jovens? Isso é uma prática universal entre nós, apesar de, estritamente falando, não haver uma referência explícita a isso na Bíblia (mesmo estando implícito em muitas passagens). A resposta para essa pergunta pode ser que apesar de não ser explicitamente bíblico ter uma obra com os jovens, certamente é bíblico para os que tomam a liderança supervisionar a obra com os jovens como parte dos seus deveres de apascentar o rebanho.
Assim, se a única publicação é bíblica depende em grande parte se é consistente com os deveres de apascentar dos presbíteros e colaboradores acima discutidos. Devemos recordar-nos que os irmãos entremesclados prepararam e circularam o Panfleto, pois decidiram que a publicação única é "não apenas é um testemunho da nossa unidade no Corpo, mas também é uma proteção para o único ministério na restauração do Senhor. Sem uma única publicação, não há como preservar a integridade do ministério do Senhor entre nós, o que é crucial para a unidade prática das igrejas." (A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 3, ênfase adicionada).
Tal como o Panfleto explica, a posição do irmão Lee nessa prática também apresentava precaução: "Os presbíteros e santos em todo lugar deveriam exercer o mesmo cuidado que o irmão Lee falou quando testificou sobre a única publicação na China continental: todos os santos e todas as igrejas em toda parte deveriam igualmente ser restringidos a uma só publicação na restauração do Senhor" (Idem, p. 8, ênfase adicionada)
A questão da única publicação é uma questão de segurança devido ao ensinamento que é transmitido de maneira prática por intermédio da obra de publicação, tendo impacto direto na saúde do rebanho (cf. 1Tm 1:10; 6:3; 2Tm 1:13; 4:3) e na condição da igreja (cf. Rev. 2:14-15 e notas de rodapé relacionadas). Para segurança da restauração do Senhor, os cooperadores entremesclados sentiram que era necessário e proveitoso publicar o Panfleto. Como uma medida de precaução, o Panfleto segue o padrão do apóstolo Paulo. Ele escreveu aos crentes de Filipos: " É segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas. Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!" (Fp 3:1-2, ênfase adicionada). Alguns dos filipenses podem ter respondido perguntando: "Se prestarmos atenção ao aviso de Paulo, não corremos o risco de fecharmos a porta a genuínos ministros do evangelho?" Talvez. Mas essa possibilidade é vencida pela probabilidade, como grandemente demonstrada pela história da igreja, que a falta de cuidado permitirá ensinamentos destrutivos infiltrarem-se entre nós. Isso é obviamente um julgamento. Os obreiros e anciãos entre nós têm a liberdade e até a obrigação para fazer esse tipo de discernimento. Do mesmo modo, os líderes entre nós escolheram cumprir o seu dever bíblico para proteger a segurança do rebanho pela prática da publicação única.
Apesar de o irmão Nigel ter escolhido ignorar a relevância das referências supracitadas, é impossível responder de modo adequado à questão dele sem considerar as responsabilidades bíblicas dos pastores da igreja. Assim, e sem prevenir alguma falta nas intenções explícitas da parte deles, o irmão Nigel e aqueles que perguntam se a publicação única é bíblica estão de fato e também pedindo aos santos para questionarem se os líderes entre nós estão cumprindo adequadamente a sua responsabilidade divinamente atribuída e biblicamente devida de apascentar as igrejas. Responder a questão do irmão Nigel de modo negativo significa responder à última de modo também negativo. Isso deve esclarecido para todos os que recepcionam a pergunta do irmão Nigel.
Não Soar a Trombeta de Modo Incerto
Apesar de o irmão Nigel descartar a relevância de Atos 20 e 1 Pedro 5, ele faz referência de modo breve à menção do Panfleto ao "toque da única trombeta" ( A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 7). Ele entende a metáfora, que deriva de 1 Coríntios 14:8, como algo que meramente se refere ao falar em línguas sem interpretação e determina que isso não pode ser aplicado na questão da publicação única. Para que não haja dúvidas, o Panfleto não sugere que a metáfora, proveniente de 1 Coríntios 14:8, é uma "prova escrita" para a prática da publicação única. Mas, uma vez que o irmão Lee usou esse versículo para ilustrar a questão da publicação única, é útil explorar como se poderá aplicar a metáfora nesse caso.
O tema de 1 Coríntios 14 é familiar para a maioria dos santos. Trata com a excelência do profetizar para a edificação da igreja. Paulo contrasta o falar em línguas com a sua confusão e edificação individual, com o profetizar, com a sua ordem e benefícios para a edificação corporativa. Nesse contexto - lidar com o que deve ser falado na reunião da igreja para o edificar do Corpo de Cristo - Paulo avisa contra o soar incerto da trombeta. O soar da trombeta está assim, intrinsecamente ligado com o nosso falar.
Tendo estabelecido a relação acima, a ligação entre o nosso falar e a obra de publicação não é difícil de encontrar. O falar tem a sua origem no ensinamento. Falamos daquilo com que fomos nutridos e cheios (cf. 1Tm 4:6). Ensinar, de maneira prática é obvio, é conduzido por meio das publicações. Do mesmo modo, não é insignificante o fato de diferentes publicações circulem entre os santos. A promoção descuidada de publicações diferentes pode levar à infiltração de falares e ensinamentos diferentes entre nós. Esses "sons incertos" devem assim ser discernidos e mantidos sob vigilância. O Panfleto realça essa preocupação quando afirma: "Uma vez que as igrejas não se tornem plataformas para a disseminação dessas publicações, tais publicações não deveriam tornar-se problemas de discussão entre nós" (Idem, p. 9)). A prática da única publicação encoraja assim o mesmo falar entre nós e não deixa lugar para um soar incerto da trombeta. É uma segurança contra uma descida gradual até à confusão de Babel, onde todos falavam diferentemente (Gn 11:5-9). A prática assegura que os santos sejam cheios com os ensinamentos saudáveis da economia de Deus e equipados para falar as palavras saudáveis do ensinamento dos apóstolos (cf. 1Tm 1:3-4, 10; 6:3; 2Tm 1:13; Tt 2:1).
Para confirmar os pontos supracitados basta apenas olhar para as reuniões de profetizar da igreja. Podemos admitir honestamente que as reuniões sofrem quando os santos falam de um modo inadequado. Pelo outro lado, quando os santos se restringem ao ensinamento saudável do ministério desfrutado nas nossas publicações, o falar é encorajador, consolador e edificante (1Co 14:3). Mesmo se numa determinada reunião os mesmos santos partilham de ângulos e porções diferentes da Palavra e ministério, o falar geral é coerente e proveitoso, pois em essência é o mesmo falar: o ministério do Novo Testamento. Em tais reuniões há o impacto, o moral e reconhecimento por parte de outros que Deus estão em nosso meio (1Co 14:24-25). Tal reconhecimento deve-se à unidade entre os santos (cf. Jo 17:21-23).
Devemos também ficar impressionados com a seriedade da ilustração de Paulo. Primeira Coríntios 14:8 diz: "Pois também se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?" A trombeta toca apenas com uma finalidade: preparar os soldados para a batalha. Com essa luz, podemos entender melhor a apresentação cuidadosa do irmão Lee de como as igrejas deveriam receber o seu ministério. O irmão Lee via a publicação do seu ministério como um grito de guerra. Ele estava preocupado acerca "do impacto do ministério para luta pelos interesses do Senhor na sua restauração" (Treinamento de Presbíteros, Volume 7: A Unanimidade para o Mover do Senhor, p. 88). O irmão Lee fez um esforço enorme para enfatizar que em relação ao único ministério ele não estava meramente falando para os santos como membros da igreja local, mas como para "soldados" na restauração do Senhor que têm encargo para lutar a batalha.
Conseqüentemente se alguém busca verdadeiramente ser ambos: " cooperador e companheiro de lutas" (Fp 2:25, ênfase adicionada) com o ministério lutador do apóstolo, essa pessoa deve de modo legítimo vigiar contra sons incertos que reduzem a nossa habilidade coletiva de lutar lado a lado com este ministério. Sob tal vigilância, é axiomático que não haja nem possa haver publicações diferentes e falares discordantes com o ministério.
A unidade do Corpo de Cristo
Em adição aos anteriores princípios bíblicos e espirituais que apóiam a prática da publicação única, outro fato deve ser brevemente discutido. Esse é o fator básico e intrínseco da única publicação: a unidade do Corpo de Cristo. Esse assunto de peso requer atenção especial para além do raio de alcance dessas páginas. Santos com encargo são aconselhados ao rico desenvolvimento desse tópico nas referências abaixo. Limitado como deve ser, tento resumir a minha compreensão desse fator intrínseco para bem da minha resposta à questão em causa.
No fundo, quer em níveis mais simples ou superlativos, praticamos a publicação única por causa da unidade singular do Corpo de Cristo, que é a unidade no Deus Triúno e Dele (Ef 4:3-6; Jo 17:10, 21-22). Como um Corpo " falamos a mesma coisa" e estamos " em sintonia na mesma mente e na mesma opinião" (1Co 1:10), temos a " mesma mente" e estamos em " unanimidade" com " uma só boca" (Ro 15:5b-6), e " pensamos a mesma coisa" (Fp 2:2). Apesar da origem dessa unidade ser o próprio Deus Triúno, mesmo assim os crentes devem ser diligentes de modo a manterem e guardarem essa unidade (Ef 4:3, nota de rodapé 2). Essa unidade singular, quando praticada pelas igrejas, é evidenciada como a unanimidade entre as igrejas. A prática dessa unanimidade, que é originada da unidade do Corpo, foi mantida de maneira prática em Atos pelos crentes que continuavam de maneira firme no ensinamento dos apóstolos (At 2:42, 46). Os apóstolos ensinavam a mesma coisa a todos os santos em todos os lugares e em todas as igrejas (1Co 4:17: 7:17: 11:16: 14: 33b-34), facilitando assim a prática da unanimidade como uma demonstração da unidade genuína do Corpo de Cristo. Apesar de a nossa unanimidade ter uma fonte divina e mística, ainda requer manutenção e preservação através de práticas divinas e humanas.
Essa manutenção prática da unanimidade é revelada nas grandes exortações de Paulo aos Romanos, Coríntios e Filipenses (1Co 1:10; Rm 15:5b-6; Fp 2:2). Por um lado, os crentes possuem a capacidade orgânica de falarem a mesma coisa e de possuírem a mesma mente, pois eles são o único Corpo de Cristo (1Co 12:12; Rm 12:5). Por outro lado, Paulo deixa claro que a implementação prática de tal unidade requer o mesmo ensinamento entre os crentes. Em 1 Coríntios 4:17 ele escreve que enviou Timóteo aos coríntios que " vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja." (1Co 4:17). O irmão Lee indica que o termo "por toda parte" indica "que o ensinamento do apóstolo era o mesmo universalmente, não mudando de um lugar para outro" (1Co 4:17, nota de rodapé 2). Paulo apresentava o mesmo ensinamento aos crentes na expectativa que eles falassem e pensassem a mesma coisa.
Como muitos notaram, se alguém vê e vive de fato na realidade da unidade do Corpo, que é nada menos do que a unidade do Deus Triúno, então não haveria perguntas se devem existir ou não publicações e falares diferentes entre nós. Simplesmente não podia existir, pois contradiria a constituição e o ser de cada um. No Seu ministério terreno o Senhor não só não falava de modo diferente do Pai, como também não poderia, pois Ele e o Pai são um (Jo 5:19, 30; 10:30; 14:10, 24; 17:8, 14, 21).
Mas se a nossa visão da unidade do Corpo é limitada, e a minha é, e se o nosso viver na realidade do Corpo é deficiente, e o meu é, ainda existem as práticas das igrejas seguir o ensinamento dos apóstolos como segurança para a unanimidade entre nós. Assim, por décadas temos praticado entre nós a única publicação. Essa prática reflete um desejo de ser restringido pelo ensinamento dos apóstolos para a percepção prática da unidade entre nós. Tal como os primeiros crentes em Atos, nós mantemos a nossa unanimidade não apenas através das nossas orações e partir do pão, mas também por intermédio de nos mantermos firmes no ensinamento e comunhão dos apóstolos.
Não devemos pensar que Deus não tomaria uma maneira "externa" para preservar a unidade. Para usar um exemplo óbvio, Deus arranjou de modo soberano e exterior que os crentes se reunissem de acordo com os limites da cidade. É difícil imaginar uma base mais externa para se reunir, mas essa base é crucial para facilitar o testemunho da unidade entre nós. Semelhantemente, a prática da única publicação é útil e até mesmo indispensável para facilitar a unanimidade prática entre as igrejas.
Princípios Bíblicos, Realidades Espirituais
Como espero ter demonstrado nas sub-sessões anteriores, a questão de algo ser ou não "bíblico" nem sempre pode ser definida simplesmente pesquisando em uma concordância. Uma questão pode não ser referenciada explicitamente na Bíblia e, no entanto, ainda ser "bíblica" desde que esteja baseada em princípios bíblicos e realidades espirituais. Creio que esse é o caso com a prática da única publicação. Muitas práticas entre nós caem nessa categoria, como o exemplo anterior da obra com os jovens. Apesar de não existirem referências explícitas a essas práticas no Novo Testamento, existem princípios espirituais importantes que suportam esses esforços. A maioria dos santos provavelmente concordaria intuitivamente com essa asserção.
Assim, é um pouco surpreendente que o irmão Nigel continue a sua argumentação lembrando-nos duma famosa citação de Watchman Nee:
A Bíblia é o nosso único padrão. Não temos medo de pregar a pura Palavra da Bíblia, mesmo que os homens se oponham; mas se não é a Palavra da Bíblia, não podemos concordar nem que todas as pessoas a aprovem. (Collected Works of Watchman Nee, Vol. 7, p. 1231)
Seguem-se inúmeras outras citações claras para sustentar sua posição, como se fosse contraposta por alguém (se bem que tais porções são sempre boas de recordar). Certamente concordamos 100% com todas as citações. Mas a nossa compreensão das citações pode diferir. Li uma citação do irmão Nee para apresentar um padrão firme para o conteúdo de nossa pregação (deixemos que os lingüistas entre nós dissequem a que o irmão Nee se refere quando diz "mas se não é a Palavra da Bíblia..."). Com base numa leitura literal e com uma dose de senso comum, não creio que a citação deva ser lida para ser estendida a questões de prática que se desenvolveram entre nós durante as décadas. Por exemplo, devemos parar de usar folhetos evangélicos por que eles não aparecem na Bíblia? Deveremos de agora em diante cancelar todas as futuras conferências do dia de ação de graças entre nós? Certamente o irmão Nigel não está sugerindo que paremos tais práticas entre nós meramente por que elas não aparecem na Bíblia. O que importa, e a retirar da citação do irmão Nee, é que o ministério ser conduzido por intermédio dessas práticas é a "pura Palavra da Bíblia."
Semelhantemente, o que importa não é a única publicação em si como uma prática, mas importar-se com o conteúdo que está sendo ministrado na única publicação. Isso é o que realmente importa. E isso é precisamente uma das principais razões para ter uma única publicação, assegurar que o conteúdo ministrado para as igrejas e nelas não é nada menos que a revelação da economia eterna de Deus revelada na pura Palavra da Bíblia. Do contrário as portas estarão abertas para todo o tipo de ensinamentos.
Por fim, antes de continuar, pode ser útil considerar um exemplo atual que ilustra a natureza variável dos argumentos do irmão Nigel. O exemplo é o da "música contemporânea" encontrada em reuniões de jovens em certas igrejas na América do Norte. Li e ouvi defesas múltiplas dessas músicas. Invariavelmente, elas apóiam no argumento que a Bíblia não proíbe explicitamente nenhum determinado "gênero" de música. Também possuo conhecimento em primeira mão que alguns dos apologistas dessa "música contemporânea" se opõem à prática da única publicação, pois não é "bíblica". A inconsistência é óbvia. Não tirando partidos aqui, mas para que conste, creio que aqueles entre nós que são incomodados pela "música contemporânea" não se opõem por que não ela é bíblica em si mesmo, mas devido à falta de sabor interior e à crença de que o seu uso para atrair os jovens viola importantes princípios espirituais (vejam, por exemplo, Gn 19:32 nota de rodapé 1; Estudo-Vida de Gênesis, mens. 54).
O Cânon Bíblico e o seu Reconhecimento.
O penúltimo argumento do irmão Nigel aqui é baseado na sua compreensão da canonização da Escritura. Os seus pontos principais são os seguintes: (1) Os escritores e autores precoces do Novo Testamento escreveram sem um "escritório central e oficial para escritos inspirados"; (2) o "Senhor Soberano não viu necessidade para arranjos exteriores de segurança" contra o risco de causar confusão entre os santos e danificar a unanimidade; (3) os santos e igrejas eram capazes ou rejeitar escritos pelo seu sabor interior de vida e pelo Espírito Santo; e (4) finalmente, esses escritos que foram aceitos tornaram-se o cânon bíblico por meio da ratificação em Hipo e Cartago.
Em resposta a essas acusações, parece quase suficiente repetir o próprio Panfleto:
Não deveria ser a intenção dos responsáveis na restauração do Senhor suprimir os direitos individuais de expressarem-se (a não ser, é claro, que essas expressões sejam pecaminosas, heréticas ou divisivas). Alguns santos têm o desejo de escrever histórias da igreja, produzir materiais para crianças, gravar músicas e, até mesmo, dar e publicar mensagens. (...) Mas o fato dessas publicações poderem ser produzidas e distribuídas não deveria dar-lhes qualquer credibilidade maior entre as igrejas do que qualquer outro item que possa ser publicado hoje em âmbito secular ou religioso. Trata-se apenas de outras publicações, nas quais nossos irmãos e irmãs podem ou não estar interessados. Elas não fazem parte da única publicação na restauração do Senhor e não são necessariamente benéficas para o bem espiritual dos santos em nosso meio. As igrejas, por meio dos presbíteros, deveriam ser educadas em entender esse assunto, e os santos e as igrejas precisam discernir o valor dessas publicações para si mesmos. ( A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, pp. 8-9)
O Panfleto não restringe os direitos individuais de publicar como ele ou ela possam escolher; é uma restrição em relação ao que as igrejas e os santos aceitarão. Isso é uma distinção importante. Os Tomés e Barnabés modernos entre nós escrevem aquilo que sentem que devem escrever. As igrejas devem rejeitar aquilo que elas sentem que devem rejeitar. Tal restrição não é substantivamente diferente da restrição que uma igreja do quarto século possa ter exercitado ao não reconhecer o Evangelho segundo Tomé como estando ao mesmo nível dos evangelhos canônicos.
Até aprecio a distinção que o irmão Nigel faz entre o "reconhecimento" do cânone e o "fazer" do cânone na história da igreja. A igreja só podia reconhecer o cânone; a igreja não podia tornar nenhum livro canônico ou autêntico. O livro é autêntico ou não na altura em que é escrito.
Semelhantemente, o ministério de alguém ou é parte do ministério do Novo Testamento ou não é. Como uma questão prática, os santos reconheceram que as publicações do LSM e da TGBR produzem o "sabor" do ministério do Novo Testamento. Para os que lideram e os santos aprovarem a publicação única é uma reflexão de que essas são as " coisas que são proveitosas" (At 20:20) para os crentes nelas continuarem. Enquanto os santos têm o direito de "discernir o valor dessas [outras] publicações para si mesmos" ( A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 9), os que lideram devem considerar o benefício de dirigirem os santos para outras publicações quando há um apetite voraz demonstrado pelas palavras saudáveis desse ministério.
A declaração do irmão Nigel que o "Senhor Soberano não viu necessidade para arranjos exteriores de segurança" contra o risco de causar confusão é desmentido pelo fato de que os conselhos externos de Hipo e Cartago completaram as tarefas externas de reconhecer o cânon da Escritura. Isso não foi uma segurança para nós? Não é uma ajuda que hoje nas igrejas, os santos não estejam (esperamos) profetizando o Evangelho de Tomé ou das epístolas de Barnabé?
Por fim, eu não consigo ver como a nossa prática corrente não se aproxima desse padrão histórico.
Uma "Afirmação de Política"?
Por fim, o irmão Nigel pergunta se emitir uma "declaração política" é bíblico. Acho que ele sabe que a resposta é sim, pois ele apresenta Atos 15 como um exemplo do Novo Testamento. Se Atos 15 foi seguido ou não, está além de minha determinação. Mas, gostaria de permitir que a consciência dos santos deliberasse sobre isso, concluindo aqui com Atos 15:24-25a, que sugere a primeira razão que o Panfleto foi necessário:
Visto sabermos que alguns [que saíram] de entre nós, sem nenhuma autorização, vos têm perturbado com palavras, transtornando a vossa alma, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo...
2. "Uma Única Publicação" é um Item da "Peculiaridade" ou "Generalidade"?
A questão da publicação única, sem ressalvas, não um item da "peculiaridade". É confuso o motivo dessa questão ser feita quando o Panfleto é explícito nesse ponto: "a questão da única publicação não é um assunto da fé comum" (A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 9). Além disso, a atitude dos cooperadores entremesclados com respeito à generalidade é clara: "Se alguns não estão inclinados a estarem restringidos na publicação única, eles ainda são nossos irmãos; ainda estão nas igrejas locais genuínas" (Idem). Em relação a qualquer igreja local que escolha restringir-se dessa maneira, a publicação única pode também ser considerada um item de prática para tal igreja. O irmão Lee considerava o ensinamento saudável como parte do sentido prático da vida da igreja (ver A Peculiaridade, Generalidade e Sentido Prático da Vida da Igreja, pp. 62-63). O irmão Lee comentou "Os ensinamentos que o Senhor deu à Sua restauração são saudáveis, cheios de nutrientes" (Idem, p. 63). Esses ensinamentos estão, obviamente, incorporados na única publicação entre nós. Mais tarde no mesmo capítulo ele salientou que, "Estes pontos não são parte da nossa fé cristã. Entretanto, eles são o sentido prático, até mesmo o melhor, o mais proveitoso sentido prático da vida da igreja. Eles não são exigidos para a salvação; são recomendáveis para a prática da igreja. Espero que todos nós ponhamos em prática esses pontos" (Idem, p. 65).
Como o assunto da única publicação não é um item da fé, aqueles que insistem nele como um artigo de fato da nossa fé devem ser desiludidos dessa noção e prática. É realmente triste que essas pessoas extraviadas que procuram servir o "exército" não lutem contra o inimigo, mas contra os "cidadãos". Certamente esses zelosos em demasia não falam pela maioria dos santos, que reconhecem isso como uma questão de generalidade e não de peculiaridade.
Semelhantemente, aqueles que se equivocam sobre a prática não devem interpretar mal a posição daqueles que estão inequívocos. Promoção não é sinônimo de insistência dogmática. Sou ajudado pelo comentário do irmão Kerry Robichaux em seu website:
Além disso, não creio que é acurado equiparar a circulação dessa declaração com uma insistência nela. Creio que o aquilo os cooperadores estão fazendo é semelhante ao que irmão Lee fez quando ele soou o chamado para os santos com o fim de que todos levantassem a maneira ordenada por Deus. Você lembrará, tenho certeza, que ele não insistiu nessa nova maneira, mas ele certamente a promoveu como o melhor caminho para trazer os santos em suas funções orgânicas como membros do Corpo de Cristo. A nova maneira era para ser uma recomendação para os santos e as igrejas, não algo exigido. Da mesma forma, ser restringido em uma única publicação é uma questão de recomendação para as igrejas. Ninguém está insistindo que todas as igrejas sejam restringidas por uma única publicação. Mas da mesma maneira, os colaboradores podem e devem ajudar aos santos a verem o valor da única obra de publicação na restauração do Senhor, e devem encorajar os santos de toda parte a exercitarem essa restrição em nome da segurança do único testemunho entre nós. Entendo que alguns não querem ver esse assunto promovido ou falado, mas como colaboradores treinados pelo irmão Lee fazemos bem nós mesmos em seguir seu exemplo e admoestação e levar aos santos que cuidamos para a mesma prática. (Vide http://onepub.robichaux.name/2005/12/a_response_to_some_questions_a_1.html).
3. Se uma igreja local adota a política da "única publicação" ainda é uma igreja local genuína? Ou tornou-se uma "igreja ministerial"?
O Panfleto esclarece que igrejas que não adotarem a prática ainda são igrejas locais genuínas ( A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 9). O irmão Nigel agora sugere o contrário: igrejas que adotem a prática já não são igrejas locais genuínas. Para apoiar a sua sugestão, ele cita uma declaração recente de uma igreja em particular e do livro A Vida Normal da Igreja Cristã. A declaração da igreja anônima não está disponível e fica assim fora da zona de comentário aqui. Mas, a confiança do irmão Nigel em A Vida Normal da Igreja Cristã para apoiar o seu argumento merece uma resposta.
A Vida Normal da Igreja Cristã começa com um extenso prefácio e introdução escritos pelo irmão Nee. O propósito desses comentários, em parte, foi proteger contra as aplicações negligentes do conteúdo do livro. Mais especificamente, o irmão Nee considerou a introdução em A Vida Normal da Igreja Cristã tão importante que adicionou este sub-título: "IMPORTANTE PARA COMPREENSÃO DO LIVRO." Entre os muitos pontos impressionantes na introdução encontra-se essa qualificação cuidadosa do irmão Nee:
"O livro está escrito da perspective de um servo que olha da obra para as igrejas. Não lida com o ministério específico, para o qual cremos que o Senhor nos chamou, but only with the general principles of the work; nor does it deal with "the church, which is His Body," mas apenas com os princípios gerais da obra. Nem lida com a "Igreja que é Seu Corpo", e sim com as igrejas locais e sua relação com o trabalho. Não considera os princípios da obra ou a vida das igrejas; é apenas uma revista de nossas missões" ( A Vida Normal da Igreja Cristã, p. 8, ênfase adicionada)
A questão da única publicação tem tudo a ver com: (i) o "ministério específico" que cremos que o Senhor nos concedeu; (ii) a realidade do Corpo e Cristo; e (iii) princípios da obra. A Vida Normal da Igreja Cristã não. É inadequado usar esse livro, que não se estende a esses assuntos, para condenar a nossa compreensão e prática desses assuntos.
Aparentemente ignorando essa cautela, o irmão Nigel oferece fragmentos selecionados do capítulo 6 do livro para apoiar o seu argumento que igrejas que praticam a única publicação já não são igrejas locais genuínas. Mas, naquela secção do capítulo, o encargo do irmão Nee é recordar aos obreiros que as igrejas devem ser formadas apenas na base da localidade e não conforme quaisquer linhas estreitas de ministério (ver Idem, pp. 97-99). Para esclarecer, a ênfase do irmão Nee está na formação inadequada de igrejas. Se existem igrejas entre nós que estão sendo formadas fora da base da localidade, mas baseadas em ensinamentos ou ministérios específicos, então o ensinamento do irmão Nee é relevante. Não conheço nenhum caso, e certamente não penso que isso esteja sendo recomendado por qualquer servo fiel de Deus. O irmão Nigel simplesmente aplica de modo errado essas porções, não obstante as cautelas explícitas do irmão Nee para que isso não aconteça.
4. Porque uma prática informal, voluntária e pessoal entre colaboradores (irmão Lee e irmão Nee) se tornou uma doutrina que agora é política comum, imposta aos santos e as igrejas locais?
Essa pergunta é reveladora e ao mesmo tempo uma questão de semântica.
É reveladora porque a resposta natural é: Porque um cooperador, santo ou igreja que procura seguir o ministério do irmão Lee não haveria de seguir o exemplo dele? Para a maioria de nós, é suficiente o fato do irmão Lee ter estabelecido esse padrão. Não me atrevo a falar pelos cooperadores entremesclados, mas é óbvio que eles estão, diligentemente, seguindo o exemplo de seus cooperadores seniores, e corretamente. O apóstolo Paulo exortou as igrejas a imitá-lo e a lembrarem-se do exemplo dele (1Co 4:16; 11:1; 1Ts 1:6; 2Ts 3:6-9), ser um com ele em alma (Fp 1:27; 2:2, 19-22) e recordarem a maneira dele (1Co 4:17). Paulo exortou os Filipenses: " Todavia, andemos de acordo com a mesma regra. Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós" (Fp 3:16-17 - lit.).
Essa pergunta também é uma questão de semântica. Não é claro em que ponto uma "prática informal, voluntária e pessoal entre colaboradores [irmão Lee e irmão Nee]" se torna um "mandamento" "ensinamento" de "política comum". Por exemplo, o irmão Nee e o irmão Lee ministraram freqüentemente aos santos com respeito às suas práticas pessoais em assuntos como ler a Bíblia, contatar o Senhor e questões semelhantes. Várias vezes, o irmão Lee e o irmão Nee encarregaram os santos de seguir tais práticas, quer fosse ler a Bíblia uma vez por ano ou ter trinta minutos de tempo pessoal com o Senhor durante a manhã. Essas são exortações "informais, voluntárias e prática[s] pessoal[ais]," ou "doutrinas" "ensinamentos" de "política comum"? Depende se a pessoa gosta do encargo ou não.
Independentemente, o medo do irmão Nigel manifestado na sua pergunta parece ser que, pessoas razoáveis podem diferir razoavelmente. Mas, para responder diretamente à pergunta, mesmo usando o sentido semântico mais duro na leitura do Panfleto, como pedido pelo irmão, a resposta pode simplesmente ser porque pensamos ser sábio continuar a seguir o exemplo, conduta e maneira dos nossos irmãos mais velhos, no que se refere à obra do Senhor.
5. O Escritório do Living Stream Ministry foi (sic!) elevado acima do "serviço Levítico" estabelecido pelo irmão Lee?
Não, e apesar de eu ter algumas opiniões sobre essa questão, não necessito refazer com menor valor o que já foi habilmente feito pelo irmão Kerry Robichaux em: http://onepub.robichaux.name/2006/01/lsm_as_simply_a_business_offic.html.
6. Não é esta a prática do Catolicismo Romano em relação a publicações?
Não, não é, a menos que alguém pense que a prática dos primeiros crentes em ter todas as coisas em comum (At 2:44) é socialismo, que Paulo esmurrar seu corpo (1Co 9:27) é asceticismo e que a restrição às mulheres ensinarem é machismo (1Tm 2:12). Não estou tentando ser engraçado. Antes, espero evidenciar a falácia da indiscriminada análise indutiva evidenciada pela questão. Similaridades superficiais são apenas isso. Devemos lembrar-nos: " Os rebentos e folhas do joio parecem iguais às do trigo" (Mt 13:25, nota de rodapé 2).
Que os Católicos Romanos mantenham uma prática com aparente semelhança à nossa é irrelevante uma vez que a nossa é um exercício, manifestação e resultado de ser " um Corpo e um Espírito" (Ef. 4:4). Mesmo que questionem essa afirmação, poderá alguém questionar que, pelo menos, há uma profunda diferença entre requerer lealdade aos ensinamentos de Jezabel (Ap 2:20) com agarrar-se firmemente à doutrina dos apóstolos (At 2:42)?
Além do mais, enquanto a prática do Catolicismo Romano de imprimátur é um teste doutrinal, a única publicação ultrapassa mera ortodoxia. Por exemplo, alguns irmãos podem escolher ensinar itens bíblicos que estão alinhados com certos aspectos do ministério do irmão Nee e do irmão Lee. Pode até não existir fragmento de heresia ou falsidade nessas mensagens. Essas mensagens podem até ser bem recebidas entre pequenos grupos de igrejas ou santos. Na estrutura do Catolicismo Romano esses ensinamentos provavelmente qualificar-se-iam como uma imprimátur. Mas ensinamentos ortodoxos, em si e de si mesmos, não são uma qualificação para a única publicação. Nem sequer a ausência de falsidade ou a presença de apoio, qualificam qualquer ensinamento como parte do ministério único na restauração do Senhor. A fim de fazer parte da " continuação do ministério na restauração do Senhor, que é a extensão do ministério" do irmão Lee e do irmão Nee ( A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 6, ênfase adicionada), qualquer suposto ministério deve corresponder à visão que herda todas demais da economia de Deus revelada na restauração do Senhor. Assim, enquanto um imprimátur aponta para o denominador mínimo comum aceitável de doutrina, a prática da única publicação ajuda-nos a chegar ao cume mais elevado da revelação divina revelada na restauração do Senhor.
7. Será que este documento é um exemplo de "Revisionismo Histórico"?
O irmão Nigel faz a declaração audaciosa que o Panfleto é um exemplo de revisionismo histórico: "reescrever o acontecimento sem o apoio de fatos." Revisionismo histórico é um exercício de manipulação e distorção deliberadas; não é desculpável pela ignorância. A seriedade dessa acusação contra os cooperadores entremesclados não pode ser exageradamente enfatizada. O irmão Nigel está tão confiante da sua posição que esse tópico tornou-se o tema de um artigo expandido, intitulado: "Honestidade na História - Contra Revisionismo Histórico," publicado separadamente tanto no mais recente exemplar do Fellowship Journal (Vol. 5, fascículo 1) como no website dos " Irmãos Preocupados". Os argumentos por ele expandidos serão considerados seqüencialmente de acordo com os subtítulos abaixo detalhados segundo a gravidade dessas acusações.
Três Editoras, Uma Obra de Publicação
O irmão Nigel começa citando a afirmação do Panfleto que "a única publicação, o único soar da trombeta, tem sido produzido sempre por um único empreendimento prático de publicação: na época do irmão Nee, pelo seu Gospel Room; na época do irmão Lee, depois que ele deixou a China Continental, pela Taiwan Gospel Book Room, e nos seus anos nos Estados Unidos, pelo Living Stream Ministry" (A Obra de Publicação na Restauração do Senhor, p. 4).
Seguidamente ele desafia a veracidade dessa declaração, indicando a falha do Panfleto em não mencionar a editora de Hong Kong. Ele escreve:
No entanto, noutra ocasião, o irmão Lee reconheceu o papel da editora de Hong Kong (HK). Ele conta que, nos anos 50, o esforço da publicação prática era realizado "separadamente em três locais: Xangai, Taipei e Hong Kong. O irmão Nee era responsável pela editora em Xangai, eu era responsável pelo de Taipei e o irmão Weigh era responsável pelo de Hong Kong" (Words of Training for the New Way, Vol. 1, pp. 34-35, as quoted by Brother Nigel).
O irmão Nigel a seguir sugere que a editora de Hong Kong foi propositadamente omitida no Panfleto, pois "não encaixava bem no retrato que estava sendo apresentado." Ele conclui que " existiam duas editoras simultaneamente na restauração, a HK e a Taiwan Gospel Book Rooms" (ênfase no original). O essencial da sua argumentação é que a obra de publicação da editora de Hong Kong nos anos 50 contradiz a prática da única publicação e foi assim intencionalmente omitida do Panfleto pelos cooperadores entremesclados.
É certamente verdade que a partir de 1950 a obra de publicação na restauração do Senhor foi realizada em três lugares. Como o irmão Lee compartilha em sua biografia de Watchman Nee, um dos contactos finais do irmão Nee com o irmão Lee envolveu o cuidado pela obra de publicação. Para tal finalidade o irmão Nee fez dois arranjos importantes. O irmão Nigel sublinha o primeiro, mas estranha e fatalmente, ignora o último. Este é a peça que falta e reconcilia qualquer aparente contradição na nossa história.
Primeiro, o irmão Lee relata as instruções do irmão Nee, que:
A editora deveria ser estabelecida em três lugares: Xangai, Taipé e Hong Kong. Watchman administraria pessoalmente a de Xangai, eu seria o responsável pela de Taipé e o irmão Weigh pela de Hong Kong. Além disso, fui solicitado a assessorar a editora em Hong Kong quanto à responsabilidade literária e editorial. ( Biografia de Watchman Nee, p. 380)
Segundo, o irmão Nee instruiu que: "Todas as três editoras partilhariam os mesmos direitos autorais" (Idem).
A primeira instrução é a peça central da acusação do irmão Nigel de revisionismo histórico. A segunda instrução esmaga-a.
O direito autoral é um direito exclusivo retido por um autor para controlar a publicação dos seus trabalhos. As três editoras compartilharem os mesmos direitos autorais, foi um arranjo extraordinário por parte do irmão Nee para assegurar que as três editoras publicariam os mesmos trabalhos. Não eram três editoras independentes, cada uma publicando o seu próprio conteúdo original. Antes, as três editoras coordenavam-se na única obra de publicação para publicarem as mesmas riquezas do único ministério na restauração do Senhor. Até mesmo a fraseologia do irmão Nee - "A Gospel Bookroom deve ser estabelecido em três lugares" - indica a intenção do irmão Nee que a intenção era que haveria um único empreendimento de publicação realizado em lugares separados.
O contexto da citação original do irmão Nigel de Words of Training for the New Way ainda confirma mais essa intenção. É uma impressão totalmente errada de o irmão Nigel ter excluído isso. O irmão Lee declara claramente:
Foi decidido que a Gospel Book Room permaneceria uma, no entanto, devido à situação política, teria que conduzir os negócios separadamente em três lugares: Xangai, Taipei e Hong Kong. ( Words of Training for the New Way, Vol. 1, p. 34) (as porções em itálico são omitidas pelo irmão Nigel).
Ignorar a supracitada ênfase na unidade da Gospel Book Room é o verdadeiro crime de omissão aqui.
Portanto, é ilusório que o irmão Nigel argumente que a editora de Hong Kong contradiz a nossa prática de longa data. Em vez disso, o seu papel histórico apenas fortalece e confirma a afirmação do Panfleto que temos tido a prática da única publicação durante décadas. O irmão Lee fornece os seguintes detalhes adicionais: "Em 1975, o irmão K. H. Weigh e eu, juntamente com outros irmãos afins, redistribuímos, em razão da situação da época, a questão dos direitos autorais, da seguinte maneira: Todos os livros em chinês seriam publicados pela editora em Taipe; todos os livros em inglês seriam publicados pelo Living Stream, nos Estados Unidos; a editora Hong Kong seria usada apenas para a distribuição de nossas publicações em Hong Kong." (Biografia de Watchman Nee, p. 380)
É também intrigante o porquê do irmão Nigel pensar ser tão revelador que " existiam duas editoras simultaneamente " (ênfase no original) na restauração do Senhor (i.e., a editora de Hong Kong e a editora de Taiwan), quando essa é a situação hoje. O Panfleto afirma e reitera expressamente que hoje, ambos, Living Stream Ministry e Taiwan Gospel Book Room publicam a continuação do ministério na restauração do Senhor. O que interessa não é a sua coexistência, mas colaboração no empreendimento da única publicação. Essas duas editoras existem simultaneamente, mas se coordenam em harmonia para publicar a única publicação entre nós com o mesmo conteúdo. O fato de duas editoras existirem em simultâneo na restauração não mina de nenhuma maneira a mensagem do Panfleto desde que as duas editoras sejam parceiras na mesma obra de publicação.
Infelizmente, nossa preocupação hoje é que não há muitos clamando para publicarem o mesmo conteúdo. Oxalá fosse o caso. Antes, a nossa preocupação é sobre indivíduos que procuram publicar conteúdo original, não o mesmo conteúdo, e desejam reconhecimento de tal conteúdo de caráter próprio como a extensão do único ministério na restauração do Senhor. Esso é o cerne da questão.
Como esperamos que a discussão acima demonstre, a omissão da editora de Hong Kong no Panfleto não é um reescrever de história por conveniência. Talvez a sua inclusão tivesse requerido detalhes supérfluos que seriam irrelevantes para o propósito mais amplo do Panfleto. Apesar de podermos discutir sobre as razões da sua exclusão, é inaceitável assumir desonestidade no assunto.
O Registro Histórico
O irmão Nigel continua a sua argumentação fazendo caso com a afirmação do Panfleto que "desde os dias do irmão Nee, nós na restauração do Senhor temos estado 'restringidos a uma única publicação'. (...) Durante décadas fomos todos nutridos (...) pela publicação única" (p. 7). A sua contenção primária é que não há nada no registro histórico em relação a tal política antes de 1986. Ele acredita que há um "argumento silencioso" de que nós historicamente não mantivemos essa prática.
Parte do seu "argumento silencioso" é que a prática da publicação única não é mencionada no folheto de 1978, O que Cremos e Praticamos nas Igrejas Locais (autoria dos Cooperadores na Restauração do Senhor). A sua confiança é mal empregada quando consideramos o propósito limitado e o público alvo desse folheto. O prefácio de O que Cremos e Praticamos nas Igrejas Locais afirma explicitamente que o folheto apenas fornece uma "introdução básica" aos que não estão familiarizados conosco, e enfatiza para os leitores curiosos que possuímos "muitas outras publicações disponíveis sobre vários temas bíblicos importantes" (O que Cremos e Praticamos nas Igrejas Locais, p. 1). Enquanto o livro mostra ser útil como uma iniciação aos que querem uma "introdução básica" à restauração do Senhor, devemos reconhecer as suas limitações em si mesmo antes de tirarmos conclusões precipitadas.
O assunto central pode ser estabelecido perguntando se há um registro de apoio a tal prática antes de 1986. Como um aparte, é curioso o porquê que a comunhão e testemunho explícito do irmão Lee a partir de 1986 são insatisfatórios para o irmão Nigel. Mas se o nosso irmão exige uma prova mais antiga, podemos apontar para os excertos anteriores da biografia do irmão Nee. Como acima discutido, essas porções demonstram o arranjo do irmão Nee em 1950 e do irmão Lee em 1975 para executarem o trabalho da publicação única. Além do mais, antes de 1950, o irmão Lee começou a trabalhar com o irmão Nee na obra de publicação. O irmão Lee relata a sua experiência entre 1934 e 1936 com se segue:
Por meio de todas essas responsabilidades, foi-me aberta uma tremenda oportunidade para aprender a trabalhar para o Senhor em Sua restauração, ajudar os outros a crescer em vida, edificar a igreja com vida e cuidar do ministério de publicações." ( Biografia de Watchman Nee, p. 350)
É inquestionável entre nós que o irmão Lee seguia de perto o exemplo do irmão Nee em cumprir o ministério na restauração do Senhor. Uma vez que esse exemplo se estendeu explicitamente ao ministério de publicação, certamente cremos que a prática do irmão Lee em levar a cabo a obra de publicação era a mesma que a do irmão Nee.
Somando ao acima registrado, os seguintes testemunhos dados em 1986 e 1987, respectivamente, pelo irmão Lee devem resolver o assunto de modo conclusivo:
Quando estávamos na China continental, somente o irmão Nee tinha uma publicação, e a Editora pertencia única e exclusivamente a ele. (...) Tínhamos uma única publicação. Tudo era publicado por meio da Editora do irmão Nee porque uma única publicação corresponde realmente a tocar a trombeta. ( Treinamento de Presbíteros, Volume 8: A Vitalidade do Mover Atual do Senhor, pp. 199-200)
A maior parte de minha obra é uma continuação da do irmão Watchman Nee. Era a Gospel Book Room que o servia no seu ministério. Além disso, mais ninguém o servia nem ao seu ministério. (Words of Training for the New Way, Vol. 1, p. 34)
As referências anteriores não são de modo algum exaustivas, mas são persuasivas. Se alguém duvida de que a prática histórica da única publicação data da época do irmão Nee, então, duvida do irmão Lee.
"Contra-Exemplos"?
O irmão Nigel conclui colocando dois "contra-exemplos" à prática da publicação única. A primeira é uma referência a uma "conferência de escritores" convocada pelo irmão Lee. O irmão Nigel oferece a seguinte citação do irmão Lee: "A minha intenção em convocar uma conferência de escritores foi para encorajá-los a escrever algo..." ( Treinamento de Presbíteros, Volume 8: A Vitalidade do Mover Atual do Senhor, pp. 201-202) Presumivelmente, o irmão Nigel lê isso como se o irmão Lee estivesse encorajando os santos escreverem algo fora do domínio da publicação única.
Infelizmente o irmão Nigel separa essa citação do seu contexto mais uma vez. A citação no seu contexto imediato é como se segue:
O nosso som tem de ser um só, de modo que precisamos ser restritos a uma única publicação. O nosso som tem de ser um só, de modo que precisamos ser restritos a uma única publicação mas não da forma que tem saído. Essa comunhão pode preservar-nos e proteger-nos de fazer coisas desregradamente" (Idem, porções em itálico são omitidas pelo irmão Nigel).
Claramente, a intenção do irmão Lee nunca foi de encorajar a escrita irrestrita. Tão pouco, era a sua intenção desencorajar as pessoas de escreverem. Antes, ele esperava que muitos irmãos fossem capazes de desenvolver e expandir o ministério dele, mas não lhe mudar o sabor (veja idem, p. 200). É com alegria que observamos tal esperança ser cumprida hoje, com muitos irmãos entremesclados desenvolvendo o seu ministério enquanto permanecem debaixo da sua restrição.
Finalmente, não me encontro na posição de comentar com autoridade acerca da última ilustração do irmão Nigel envolvendo o Journey Through the Bible. Só mencionarei que Journey Through the Bible foi escrito usando material do ministério na restauração do Senhor e pode ser considerado como uma pesquisa de porções selecionadas do ministério na restauração do Senhor. Com tal, e especialmente à luz da prova acima, mais do que evidente que apóia a nossa prática da única publicação de longa data, o valor probatório do Journey Through the Bible como contra-exemplo é extremamente suspeito. Não se pode inclinar a balança apenas com poeira.
8. O pedido do irmão Lee com respeito à "Única Publicação" estabeleceu um Princípio Geral para sempre ou foi apenas um Expediente Temporário?
Na realidade, aqui o irmão Nigel faz duas perguntas distintas. A primeira pergunta é se a comunhão do irmão Lee em fevereiro de 1986 em relação à única publicação foi um pedido temporário simplesmente para o propósito limitado de evangelizar Taiwan. A resposta é óbvia baseada no registro histórico discutido anteriormente. Até a leitura mais tortuosa, analítica e detalhista do ministério não pode sustentar essa inacreditável reivindicação.
A sua segunda pergunta é se os colaboradores hoje possuem a autoridade espiritual para repetir o pedido do irmão Lee para a prática da única publicação entre nós. Essa pergunta não pode ser respondida nessas páginas. Tem que ser respondida dentro da consciência dos santos que organicamente reconhecem a liderança na restauração do Senhor hoje.
9. A "Única Publicação" não contradiz o ensinamento do irmão Nee acerca da futilidade dos arranjos institucionais para conter a benção do Senhor?
Se sim, então o irmão Nee contradiz a si mesmo organizando a Gospel Bookroom para publicar o seu ministério. Além disso, estendendo a interpretação ampla do irmão Nigel ao seu extremo lógico, qualquer atividade de publicação entre nós (única publicação ou não) é um exercício de futilidade. Não pode ser isso o que o irmão Nee queria dizer.
Então o que o irmão Nee queria dizer com "organização" e "taça", dois termos usados de modo igual na citação dada pelo irmão Nigel? Lendo a fonte da citação, capítulo seis de A Ortodoxia da Igreja, a resposta torna-se bastante clara. O capítulo seis explica a epístola à igreja em Sardes em Apocalipse 3:1-6. Nesse capítulo, o irmão Nee refere-se à proliferação das igrejas protestantes como "organizações" ou "taças" que tentaram capturar a benção derramada por Deus. O irmão Nee não deixa espaço para dúvidas quando escreve: "As igrejas protestantes são como uma taça" (A Ortodoxia da Igreja, p. 72). É um infortúnio que o irmão Nigel não tenha fornecido essa definição crucial no seu excerto limitado.
10. E o impacto sobre os santos na restauração do Senhor?
11. E o impacto sobre igrejas locais?
Essas perguntas são separadas, mas estão relacionadas e podem ser respondidas juntas. O irmão Nigel levanta as seguintes preocupações: (1) santos que têm desfrutado outras publicações podem agora sentir problemas de consciência; (2) seria preferível confiar na "unção" (1Jo 2:27) do que em declarações públicas; (3) santos demasiadamente zelosos condenarão santos e igrejas que não estão restritas à única publicação; e (4) duas categorias de igrejas podem emergir - aquelas que querem estar restringidas à publicação única e aquelas que não querem.
De início, e como forma de resposta geral, é importante reiterar que o Panfleto é um exercício da responsabilidade de apascentar dos irmãos responsáveis. De acordo com Atos 20, os líderes estão encarregados de " vigiar" por aqueles " dentre vós mesmos" que " falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles." (vv. 30-31). À luz desse aviso, é inteiramente apropriado aos pastores protegerem o rebanho de se expor a algo além do ensinamento saudável. Essa responsabilidade requer maturidade, experiência, sabedoria e discernimento. Enquanto alguém pode discordar das suas decisões, ninguém pode discordar das suas responsabilidades de tomar decisões. Seria imprudente assumir que os irmãos emitiram o Panfleto de modo imprudente.
O irmão Nigel concentra-se apenas num grupo de irmãos que pode sentir-se incomodado com o Panfleto. No entanto, ele não menciona os santos que podem ser ajudados pela sua edição. Como o irmão Kerry sugeriu, o Panfleto responde à necessidade orgânica e ao clamor no Corpo (ver http://onepub.robichaux.name/2006/02/are_the_coworkers_really_the_p.html#more). Isso não é ignorar as preocupações reais dos santos que se podem sentir incomodados pelo Panfleto. Mas em vez de armazenarem os seus medos e receios, os responsáveis devem apascentar esses santos para que entendam adequadamente o Panfleto. Eles devem ser ajudados a compreender que o Panfleto não é um exercício Orwelliano de censura ou controle. Antes, o Panfleto apenas afirma a nossa prática histórica de salvaguardar o testemunho contínuo da restauração do Senhor. Individualmente os santos continuam a ter a liberdade total de continuarem a ler materiais que julguem benéficos. O Panfleto diz expressamente dessas outras publicações: "Essas são simplesmente outras publicações em que os nossos irmãos e irmãs podem ou não ter interesse. (...) Os santos e as igrejas têm que discernir o valor dessas publicações por si mesmo" (p. 8).
Ninguém pode discordar com a riqueza e realidade da unção que recebemos do Senhor (1Jo 2:27). Enquanto devemos simplesmente seguir a unção, não o devemos fazer sem o discernimento adequado. A nossa percepção espiritual tem que ser treinada e desenvolvida através do conhecimento da verdade. Essa é a razão pela qual, em relação à unção, o apóstolo João ensina paradoxalmente que "não tendes necessidade de que alguém vos ensine." O próprio irmão Nigel admite que a "consciência está baseada no conhecimento." Usando o exemplo dele podemos esperar que os jovens ou os crentes novos entre nós consigam discernir os diferentes "sabores" nos ministérios? Não de início. Assim, ainda é mais crucial que apascentemos os crentes novos e os jovens com o ensinamento saudável no ministério exatamente pela razão de que possam desenvolver o discernimento do "sabor" por si mesmo.
O irmão Nigel repete sua preocupação acerca da possibilidade de santos zelosos pela prática da única publicação condenem os santos e igrejas que não o são. Para mim é suficiente repetir a observação do irmão Kerry Roubichaux que, "tais abusos, sendo verdade, são errados independentemente da posição que alguém entre nós tome em relação a publicações. De modo geral, as igrejas locais não excluem outras da sua comunhão com base na questão de publicações. Se indivíduos entre nós, em qualquer dos lados da controvérsia fazem isso, é lamentável, mas não nos podemos agarrar às falhas de alguns de modo a impugnar as virtudes da maioria" (veja http://onepub.robichaux.name/2006/02/mea_culpa.html).
Finalmente, o irmão Nigel mostra o seu medo que o Panfleto trace uma linha na areia e assim crie duas categorias de igrejas: igrejas que desejam ser restringidas à única publicação e aquelas que não. Isso é uma falácia; aqui não há qualquer relação causa-efeito. Se infelizmente há essas duas categorias entre nós, não é por causa do Panfleto. Nem tão pouco é o Panfleto que traça a linha na areia. O Panfleto existe, pois a linha sempre esteve traçada. Que a linha tenha sido deliberadamente atravessada é de exclusiva responsabilidade dos irmãos que tomaram a liderança de atravessarem intencionalmente.
12. Não há um aparente "conflito de interesses"?
O irmão Nigel levanta um aparente "conflito de interesses", pois alguns dos cooperadores entremesclados têm posições de responsabilidade no LSM. Porque focar-se meramente na "aparência"? Ou há ou não há conflito de interesses. Essa é a verdadeira questão. Claro, o irmão Nigel não se atreve a dizer que há de fato um conflito de interesses. Então, que bem há em levantar uma "aparência" de conflito, além de perturbar e desencaminhar a consciência dos santos? Será que ele alcança a sua própria medida de estar "claro e transparente" como o rio na cidade santa?
De uma perspectiva carnal e infantil, pode-se ver um "aparente" conflito de interesses em muitos assuntos da igreja. Não é um "aparente" conflito de interesses para os santos servirem o tempo integral, que dependem das ofertas financeiras dos santos, para ministrar e apascentar os mesmos santos? Não é um "aparente" conflito de interesses para os presbíteros recomendarem a si mesmos como diretores, como parte de uma reunião anual de negócios da igreja? Felizmente a maioria dos santos entre nós não tolera esses pensamentos infantis.
Tais suspeitas sobre os cooperadores fazem lembrar as suspeitas dos crentes de Corinto em relação ao apóstolo Paulo. Os corintos tinham se desviado do ministério de Paulo por causa dos relatórios malignos desafiando a autenticidade e integridade do seu ministério. Paulo temia que, tal como a serpente tinha enganado Eva por intermédio de sua astúcia, os corintos também tivessem " corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo" (2 Cor. 11:3). Por fim, Paulo foi forçado a reivindicar o seu ministério devido à infantilidade dos crentes de Corinto. Seria muito triste se os irmãos entre nós fossem forçados a declarar, como Paulo, " Acolhei-nos em vosso coração; a ninguém tratamos com injustiça, a ninguém corrompemos, a ninguém exploramos" (2Co 7:2).
Paulo declarou que " rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade" (2Co 4:2). O irmão Lee indica na nota de rodapé: "A manifestação da verdade refere-se ao viver Cristo dos apóstolos. Quando viviam Cristo, que é a verdade (Jo 14:6), eles manifestavam a verdade. À medida que Cristo era vivido neles, a verdade era manifestada neles. Assim, eles recomendavam a si mesmos a cada consciência humana diante de Deus. Os apóstolos comportavam-se de modo a não adulterarem a palavra de Deus, mas de modo a manifestar a verdade para o brilhar do evangelho da glória de Cristo, pelo poder excelente do tesouro sem preço, o próprio Cristo que entrou neles e se tornou o seu conteúdo (v. 7) por meio do iluminar, do brilhar de Deus (v. 6)." A consciência dos santos distinguirão entre aqueles que andam em desonestidade e aqueles que manifestam a verdade entre nós.
A pergunta final do irmão Nigel é se a prática da publicação única discorda do fato de que o LSM é membro da Evangelical Christian Publishers Association ("ECPA"). A sua acusação erronia de "monopolização" é completamente desajustada. O Panfleto reconhece inequivocamente o direito básico de qualquer um publicar. O LSM não está procurando levar ninguém à falência. Outros membros da ECPA têm todo o direito de publicar o seu próprio ensinamento e materiais. Contudo, seria certamente impróprio para o LSM (hipoteticamente) publicar The Beliefs and Practices of "Focus on the Family" e esperar que aderentes desse ministério o reconheçam como um representativo do ministério do Dr. Dobson. Semelhantemente, indivíduos entre nós não devem pensar que podem publicar por si mesmos e reivindicar que tais trabalhos representam o ministério único na restauração do Senhor. Os santos e as igrejas devem entender o papel singular do LSM e da TGBR em levar a cabo a obra de publicação que é representativo do único e continuo ministério na restauração do Senhor.
Conclusão
Nessas páginas tentei apresentar de boa fé e bom espírito uma defesa da prática da única publicação e do Panfleto. Não tentei provar acusações, apenas defender delas. Da mesma maneira, uma discussão completa de assuntos fundamentais como os princípios do Corpo de Cristo, do ministério do Novo Testamento e a relação entre igrejas, o ministério e a obra, estão além do alcance desse esforço. Santos com encargo são encorajados a explorar as referências abaixo citadas para um tratamento adequado desses itens. Além disso, as minhas respostas são limitadas assim como eu sou um membro limitado do Corpo. Acolho o ajuste e comunhão no Corpo.
Enquanto respeito o direito do irmão Nigel de estar preocupado, estou desapontado com a regularidade com que ele desune excertos do seu contexto adequado e com a sua retórica problemática (por exemplo: revisionismo histórico, conflito de interesses, etc.). Essas táticas causam problemas aos santos e semeiam sementes de desconfiança entre irmãos. Certamente que o irmão Nigel poderia ter levantado questões legítimas sem ter levantado dúvidas acerca da integridade dos colaboradores. Algumas das reivindicações são tão exageradas que beiram o absurdo. Com todo o respeito à história do irmão Nigel de economista altamente treinado, não posso deixar de questionar se, na presença do Senhor, ele de fato crê que a única publicação é uma violação do ato antitruste de Sherman de 1890. Claro que, o verdadeiro dano não é aos cooperadores, mas aos santos cujas mentes estão involuntariamente doentes. Espero que futuras discussões em relação a essas matérias permaneçam na esfera da comunhão de apascentar e que muito cuidado se tenha para não fomentar desconfiança em relação aos líderes.
Por fim, serei remisso se não comentar acerca do momento dessa censura. A única publicação não é algo novo entre nós. É parte da nossa herança. Por que é que essas críticas não foram levantadas uma década atrás durante o ano final do irmão Lee entre nós? Por que não há duas décadas durante o histórico treinamento de presbíteros? Quero ser cuidadoso aqui, mas não acho que o irmão Nigel e os "Irmãos Preocupados" iriam a esse extremo só porque podemos ter publicações de Zondervan ou impressões do meio universitário entre nós. Gostaria que os irmãos fossem francos em declararem não só ao que se opõem, mas também aqueles que apóiam. Tal integridade ajudaria os santos nas suas considerações sobre esse assunto. Talvez isso possa também apressar o dia em que todos os membros-dons do Corpo operarão e suprirão o Corpo de acordo com a sua medida e função. Essa é a minha oração.
Para terminar, gostaria de citar a seguinte comunhão intitulada "Uma Palavra de Amor", dada pelo irmão Lee aos presbíteros em 1984:
Por favor não considerem as minhas palavras como repreensão ou advertência. Espero que percebam que a minha palavra é de amor. Eu amo as igrejas, amo todos os irmãos e amo todos vocês. Não gosto de ver seu tempo, dinheiro e energia desperdiçados. Ensinar e pregar coisas diferentes do próprio ministério neotestamentário atrasa as pessoas e até certo ponto as encalha, distrai e desencaminha. Não gosto de ver isso. O meu coração está partido. Gostaria de vê-los remindo o tempo, poupando energia e economizando dinheiro a fim de poupar o tempo de outros. Uma mensagem que não esteja na linha central do ministério neotestamentário desperdiça muita energia e muito tempo dos irmãos. Eles têm de ouvi-los e ler os seus escritos. Isso poderia desperdiçar o tempo deles e talvez desencaminhá-los e distraí-los. No mínimo, atrasá-los. É por isso que tive tanto encargo de convocar este encontro urgente. Devemos parar com todo o ministério neotestamentário que o Senhor nos mostrou nos últimos sessenta anos. Isso se tornou a nossa visão. Esta é uma palavra de amor. Não tenho a intenção de repreendê-los, desacreditá-los ou condená-los. Nem mesmo tenho a intenção de adverti-los. Esse não é o meu feitio nem o meu coração. O meu coração é apenas que amo vocês, irmãos. Vocês consagraram todo o seu futuro para tomar esse caminho, então, porque desperdiçam o seu tempo e, assim, também, o tempo dos outros também? Os irmãos têm de ouvi-los e ler o seu material, e recebem uma impressão errada. Vocês devem poupar o tempo dos irmãos. Não lhes dêem nada que vá fazê-los se atrasar. Precisamos considerar o que falamos nas reuniões e o que escrevemos e publicamos. Devemos considerar se esse material os levará a avançar mais rapidamente ou os atrasará, distrairá ou desencaminhará. Não estamos vivendo nos tempos de Martinho Lutero. Estamos no final do século vinte e a restauração do Senhor já passou por tantos séculos. Nos últimos sessenta anos o Senhor nos mostrou muitas coisas e temos feito o possível para publicá-las. Essas coisas não deveriam permanecer na sua estante enquanto vocês voltam aos escritos antigos. Isso não é sábio. O meu amor não me permite permanecer em silêncio. É por isso que estamos aqui. Espero que todos aceitem essa palavra, larguem as coisas velhas e avancem. ( Treinamento de Presbíteros, Volume 2: A Visão da Restauração do Senhor, pp. 113-114)
Creio que os excertos acima mencionados capturam o sentimento não apenas do irmão Lee, mas também entre todos os irmãos mesclados. Que esse espírito possa saturar e governar toda a nossa comunhão em relação à única publicação e assuntos relacionados!
David Ho
Los Angeles, California
Março de 2006